Andrei, Platão e Sócrates

Pessoal,

A resposta à provocação do Andrei (e à minha provocação ao Andrei!!!!) não é única. Aliás, o "pensar" em Filosofia quase sempre gera respostas múltiplas, não é verdade?!!!!

Por isso, gostaria de tratar desse tema em alguns "posts".

No primeiro gostaria de falar sobre ÉTICA. Inicialmente, vocês sabem concretamente o que significa essa palavra?

Bem, ética (palavra originada diretamente do latim ethica, e indiretamente do grego ethiké que significa "a moradia da alma") é um ramo da Filosofia que estuda a natureza do que é considerado adequado e moralmente correto. Pode-se afirmar também que Ética é, portanto, uma Doutrina Filosófica que tem por objeto a Moral no tempo e no espaço, sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana.

O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”.

Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida.

Enquanto os filósofos que vieram antes de Sócráticos (os chamados naturalistas) procuravam responder à questões do tipo: "O que é a natureza ou o fundamento último das coisas?" Sócrates, por sua vez, procurava responder à questão: "O que é a natureza ou a realidade última do homem?"

A resposta a que Sócrates chegou é a de que o homem é a sua alma (psyché) e essa alma o distingue de qualquer outra coisa, dando-lhe, em virtude de sua história, uma personalidade única.

Para Sócrates a alma humana comprrende nossa recionalidade, inteligência, a consciência e capacidade de distinguir o certo do errado (a tal da ética). Ensinar o homem a cuidar de sua própria alma seria a principal tarefa a ser desempenhada por pelos nossos mestres (e professores!).

Porém, Sócrates estava convencido que os conceitos morais podiam ser estabelecidos racionalmente através de definições rigorosas e essas definições seriam depois assumidas como valores morais de validade universal.

Platão, por outro lado, considerava esses conceitos éticos como idéias (Justiça, Bondade, Bem, Beleza, etc), pressupondo destes logo que os mesmos são eternos e estão inscritos na alma de todos os homens. A sua validade é independente das opiniões que cada um tenha dos mesmos. Dessa forma, Platão atribuiu a esse problema (a definição do que seja ética!) um cárater menos rígido do que o seu mestre Sócrates e mais dependente da vontade humana.

Mas o que isso tem a ver conosco, não é mesmo?

Bem, a grande maioria de nós tende a ver a Filosofia como algo distante do nosso dia-a-dia e que somente importa a pessoas "meio-esquisitas" e que gostam de ler livros empoeirados de gente que já morreu a mais de 2 mil anos (basta olhar pelo pequeno número de pessoas que se arriscaram a fazer comentários sobre Sócrates e Platão!!!!).

Porém, a Filosofia trata de assuntos atuais. Por exemplo, quais são os limites que um cientista tem de ter ao fazer experimentos com seres humanos (ou suas células-tronco) ou mesmo com animais e quais são as atitudes que um professor ou um aluno deve de ter em sala de aula.

Por exemplo, vocês acham correto alguém estar ajudando a outro aluno passando-lhe "cola"? Nós (e nossos pais e professores) que vivemos reclamando da desonestidade (ou falta de valores éticos) de nossos políticos não estamos fazendo a mesma coisa na nossa sala de aula? Não estariamos compactuando com a desonestidade e falta de ética de nosso amigo(a)?

Não seria mais correto, por exemplo, oferecer ajuda ao nosso colega para estudar para a próxima prova?

E em relação à pessoa que cola: será que os fins (a nota da prova) justificam os meios (a cola)?

Eu, como professor me penitencio, sei que muitas vezes usamos as notas como forma de demonstrar nosso poder sobre vocês alunos e alunos. O que é uma grande bobagem, não é mesmo?!!! Afinal, não são os seus pontos em matemática, português ou biologia que mostraram se você é um aluno bom ou ruim. E sim o seu interesse e o quanto você aprendeu. Por isso, prefiro achar com meus alunos ou estão em um momento bom ou ruim em relação ao seu interesse e que mesmo um aluno desinteressado pode ser cativado se eu utilizar os meios certos. Além disso, nós devemos sempre nos lembrar que nosso "amigo ou amiga" não estará ao nosso lado quando formos fazer o vestibular ou quando formos trabalhar em nosso primeiro emprego.

Bem, para mim, o modo como vejo se um aluno ou aluna é dedicado ou inteligente é diferente de muitos professores: observo se o aluno é questionador e se tem interesse em participar de atividades fora do horário de aula. A nota das provas são para mim apenas uma indicação de se o meu trablaho (ensinar a vocês!) está sendo eficiente ou não.

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